PLANO DE ESTUDOS DE Quimioterapia e Bioterapia PEDIÁTRICA

Figura 4.4. Modelo de Gompertz de crescimento tumoral

Em Cancer Chemotherapy Handbook (2ª ed., p. 8), ed. R. T. Dorr e D. D. Von Hoff, 1996. Norwalk, CT: Appleton and Lange.

paciente na preparação para a infusão de novas células- tronco hematopoiéticas e suprimir o sistema imunológico do paciente para minimizar a chance de rejeição da nova medula. • A quimioterapia de santuário é a quimioterapia administrada a uma área onde pode haver a presença de células malignas que não estão prontamente acessíveis à quimioterapia sistêmica. Um exemplo de terapia de santuário é a medicação intratecal administrada a pacientes com leucemias agudas. Células leucêmicas podem atravessar a barreira hematoencefálica, mas a quimioterapia sistêmica não a atravessa prontamente. Portanto, o SNC se torna um local de santuário para a leucemia. Para garantir o tratamento adequado do SNC, a quimioterapia é entregue diretamente dentro do SNC por meio de punção lombar com administração de medicamentos intratecais (Ettinger et al., 2011). • A quimioterapia paliativa é usada como cuidado de fim de vida, quando o objetivo não é curar, mas prolongar a vida e, simultaneamente, reduzir a dor e o sofrimento. Diversos agentes quimioterapêuticos são bem-tolerados e têm efeito antitumoral comprovado com toxicidade limitada. Um exemplo é o uso de etoposido oral em pacientes com tumores cerebrais. Intensidade da dose Estudos clínicos já demonstraram a relação entre a intensidade da dose da quimioterapia, a resposta do tumor, a indução da remissão e a sobrevida sem doença (Adamson et al., 2016). Quando tumores têm menos tempo de crescer novamente entre os tratamentos, as células tumorais remanescentes ficam mais suscetíveis à quimioterapia (Schmidt, 2004). Portanto, o objetivo do tratamento é administrar a dose máxima tolerada dentro do prazo mais curto possível e com o mínimo de atrasos possível no tratamento (Ettinger et al., 2011). Doses reduzidas do medicamento, atrasos entre ciclos de tratamento e não adesão a regimes de tratamento resultam em uma intensidade reduzida da dose e maior risco de resistência ao medicamento e de recorrência da doença. A intensidade da dose é definida como a quantidade total de um agente quimioterapêutico administrada em uma unidade de tempo fixa, geralmente, um ciclo (dose total do medicamento dividida pelo tempo total de tratamento) (National Cancer

Institute [NCI], s.d.). Pequenas intensificações da dose podem aumentar significativamente a eliminação de células tumorais, ampliando assim o efeito terapêutico do medicamento. Há diferentes maneiras de se obter uma maior intensidade: • A dose do medicamento quimioterapêutico pode ser aumentada (p. ex., o regime de metotrexato com dose escalada de Capizzi I usado para pacientes com LLA). • Uma maior intensidade da dose também pode ser obtida pela redução do intervalo entre ciclos de tratamento. Isso se chama compressão de intervalo ou quimioterapia com densidade de dose ( Figura 4.5 ). Em um teste randomizado de pacientes tratados para sarcoma de Ewing, as taxas de sobrevida sem intercorrências aumentou de 65% para 73% quando o intervalo entre ciclos foi encurtado de 21 dias para 14 dias. Não houve aumento nas toxicidades relatadas (Womer et al., 2012). • Uma terceira maneira de fornecer intensidade de dose é a quimioterapia metronômica , na qual um agente quimioterapêutico, geralmente oral, é administrado em doses baixas sem intervalos. Já se mostrou que o aumento da intensidade da dose melhora os resultados, mas também aumenta a possibilidade de efeitos colaterais. Consequentemente, os métodos para maximizar a intensidade da dose também incluem maiores cuidados de apoio para as toxicidades esperadas do medicamento. Entre as opções de cuidados de apoio estão: • O uso de agentes de resgate seletivos, como fatores estimulantes de colônia ou transplante de células-tronco hematopoiéticas. • Regimes agressivos de antibióticos profiláticos e terapêuticos. • O uso de quimioterapia regional (ou seja, entrega intra- arterial ou intratecal) para o alcance de altas concentrações do medicamento nos locais onde os tumores se encontram, ao mesmo tempo que se minimizam os efeitos sistêmicos. • Cronogramas de tratamento alternativos, como infusões contínuas de longo prazo (quimioterapia metronômica) (Adamson et al., 2016; Ettinger et al., 2011). A colaboração entre o paciente, os cuidadores e os profissionais de saúde é essencial para mitigar as toxicidades do medicamento quando se aumenta a intensidade da dose.

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Capítulo 4. Quimioterapia: Princípios e Agentes

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