• Recaída ou doença recorrente é definida como crescimento do tumor após uma resposta completa ou novo crescimento de tumor após uma resposta parcial. Para pacientes com leucemia aguda, a medida de resposta mais significativa à terapia é a doença residual mínima (DRM). Testes moleculares altamente sensíveis por citometria de fluxo ou PCR podem detectar uma célula leucêmica em 10.000 ou 100.000 células. Para LLA, níveis de DRM superiores ou iguais a 0,01% (o equivalente a uma célula leucêmica em 10.000 células normais) ao fim da terapia de indução foram associados ao aumento no risco de recaída (Campana e Pui, 2017). Esses pacientes são considerados DRM positivos e receberão uma terapia pós-indução mais intensiva do que pacientes DRM negativos. As evidências de que DRM também é capaz de prever a resposta para pacientes com leucemia mieloide aguda estão aumentando. Para pacientes com leucemia mieloide crônica cromossomo Filadélfia positivo (LMC Ph+), a resposta à terapia é medida em etapas, com testes cada vez mais sensíveis a cada etapa: • O primeiro objetivo é uma resposta hematológica completa (RHC), definida como uma contagem de glóbulos brancos inferior a 100 × 10 6 /L em um hemograma completo (HC) retirado do sangue periférico. • Após a obtenção da RHC, o objetivo seguinte é a resposta citogenética, definida por teste FISH da medula óssea para translocação de t(9;22), que é conhecido como cromossomo Filadélfia (Ph), associado à LMC. – Uma resposta citogenética maior (RCgM) é obtida quando menos de 35% das células da medula óssea são positivas para o cromossomo Ph, usando teste FISH. – A resposta citogenética completa (RCgC) é alcançada quando a medula é negativa para o cromossomo Ph, usando teste FISH. • Após a obtenção da resposta citogenética completa, a resposta é avaliada por testes moleculares de alta sensibilidade, usando PCR quantitativa em tempo real para detectar e quantificar o montante de genes BCR-ABL presentes em uma amostra de sangue periférico. O teste de PCR quantitativa pode detectar até mesmo uma em um milhão de células. – A resposta molecular maior (RMM) é definida como BCR- ABL ≤0,1% detectado por PCR quantitativa, usando uma escala internacional (EI), o que significa que o gene BCR- ABL é detectado em apenas uma célula a cada 1.000 células. – A resposta molecular completa é definida como BCR- ABL ≤0,0032%, conforme detectado por PCR quantitativa; apenas uma em 32.000 células contém o gene BCR-ABL . Ao longo do tempo, qualquer alteração na resposta molecular é usada para determinar se há necessidade de mudança para um inibidor de tirosina quinase diferente (Erba, 2015). Resposta subjetiva A resposta subjetiva é uma parte importante da avaliação da resposta ao tratamento. O tratamento administrado para eliminar a doença também é destinado a melhorar ou preservar a qualidade de vida. A resposta subjetiva se baseia na percepção da criança ou dos pais sobre como a doença e o tratamento afetam a vida diária da criança. A medição da resposta subjetiva costuma incluir alterações em sintomas, nível de atividade e a capacidade de participar de atividades do cotidiano (incluindo brincadeiras para crianças).
A escala de desempenho de Lansky ou de Karnofsky pode ser usada para determinar o grau de participação da criança em atividades cotidianas. Pontuações de desempenho podem ser coletadas como parte do protocolo de tratamento ( Tabela 2.13 ). A escala de Karnofsky é usada para crianças com 16 anos de idade ou mais. A escala de Lansky é usada para crianças abaixo de 16 anos de idade. Diferenças entre cânceres pediátricos e adultos O câncer infantil é raro em comparação com o câncer que se desenvolve na vida adulta. Portanto, costuma haver um índice baixo de suspeita na apresentação. Além disso, os sintomas do câncer pediátrico frequentemente imitam doenças comuns na infância (Allen-Rhoades e Steuber, 2016). Os tipos de malignidade que as crianças desenvolvem, além de outras variáveis como incidência, fatores de risco, etiologia e opções de tratamento, ilustram as diferenças entre o câncer infantil e o adulto. INCIDÊNCIA O câncer é raro em crianças. Aproximadamente 15.780 crianças nos Estados Unidos entre as idades de 0 e 19 anos receberam diagnóstico de câncer em 2014, em comparação com 1,68 milhão de adultos (NCI, 2016a). Essa disparidade se deve, em parte, à associação entre o câncer e a exposição ambiental crônica de adultos a carcinógenos conhecidos. FATORES DE RISCO Fatores de estilo de vida, como fumo, dieta, obesidade, ocupação e exposição prolongada a agentes carcinogênicos, contribuem para o desenvolvimento do câncer em adultos, normalmente desenvolvendo-se anos depois. Fatores de estilo de vida não estão associados ao câncer em crianças. Existem poucas evidências para sugerir que fatores ambientais desencadeiam a transformação neoplásica ou maligna em crianças (Scheurer, Lupo e Bondy, 2016). ETIOLOGIA A causa exata da maioria dos cânceres infantis é desconhecida, mas nascer com uma anomalia congênita é um dos maiores fatores de risco conhecidos (Scheurer et al., 2016). Crianças com anomalias cromossômicas também exibem um maior risco de desenvolvimento de câncer. Por exemplo, o tumor de Wilms está associado a aniridia, hemi-hipertrofia, malformações genitais e renais e síndrome de Beckwith-Wiedemann. Determinadas aberrações citogenéticas ou moleculares, como a síndrome de Li-Fraumeni (uma condição dominante hereditária que envolve uma mutação da linha germinal do gene supressor do câncer p53 ), predispõem a criança a vários tipos de câncer. A síndrome de Li-Fraumeni está associada a sarcomas de tecidos moles, osteossarcoma, tumores cerebrais e leucemia em crianças. Determinados tumores infantis podem ser previstos devido à presença de deficiências imunológicas preexistentes e desarranjos cromossômicos. Crianças com trissomia 21 têm um risco quase 20 vezes maior de desenvolver leucemia do que crianças sem síndrome de Down (Plon e Malkin, 2016). Além das diferenças conhecidas na incidência e etiologia de malignidades pediátricas e adultas, o local de origem e tipos histológicos de câncer infantil diferem muito dos cânceres primários que afetam os adultos. Especificamente, mais de 85% das malignidades em adultos são carcinomas, ao passo que carcinomas são raros em crianças. Em geral, as crianças
34 Plano de Estudos de Quimioterapia e Bioterapia Pediátrica: Quarta Edição
Powered by FlippingBook