Tabela 2.9. Polimorfismos genéticos e sua significância em quimioterapia e bioterapia Gene polimórfico Medicamento Significância CYP2B6 Ciclofosfamida Risco de nefrotoxicidade CYP2C8 Paclitaxel Risco de neuropatia periférica CYP2D6 Ondansetrona Perda de eficácia Inibidores de reabsorção de serotonina Perda de eficácia, toxicidade CYP3A4/5 Vincristina Risco de neurotoxicidade DPYD Fluorouracil Risco de neutropenia, diarreia, estomatite FcyR Rituximabe Resposta de doença em linfoma G6PD Rasburicase Risco de hemólise MTHFR Metotrexato Risco de mucosite, trombocitopenia, hepatotoxicidade TPMT Mercaptopurina Tioguanina Risco de mielossupressão Cisplatina Risco de ototoxicidade UGT1A1 Irinotecano Nilotinibe Risco de neutropenia, hiperbilirrubinemia Adaptado de “Clinical Implementation of Germ Line Cancer Pharmacogenetic Variants During the Next-Generation Sequencing Era” por N. K. Gillis, J. N. Patel e F. Innocenti,. Clinical Pharmacology and Therapeutics, 95( 3), pp. 269–280, 2014 e “Analysis of germline cancer pharmacogenetic variants and solid tumor profiling using next generation sequencing” (s.d.).
para determinar o curso de ação adequado em casos de pacientes com alterações nesses genes. No caso de excessos ou deficiências de proteína, pode ser necessário ajustar doses das medicações associadas para que se obtenha resposta terapêutica e se evite toxicidade indevida. Estudos clínicos precisariam determinar o valor de ajuste da dosagem para chegar a uma faixa de variação terapêutica. Em casos nos quais um gene codificador de proteína está ausente, o gerenciamento clínico do paciente pode ser mais desafiador: a omissão do medicamento correspondente no plano de tratamento desse paciente pode não ser uma opção, pois poderia resultar em uma chance menor de cura. Em conjunto com desenvolvimento humano, medicações concorrentes, função de órgãos, estados da doença e genética, os fatores que afetam a absorção, distribuição, metabolismo e excreção de medicamentos podem ser estudados para ajudar a fornecer uma base científica mais forte e uma abordagem mais racional à determinação de dosagens de medicação em crianças. Medir concentrações de medicamentos e usar princípios de farmacocinética e farmacogenética pode aumentar a probabilidade de que se obtenha uma resposta terapêutica nos pacientes. Da mesma maneira, o monitoramento do medicamento terapêutico pode minimizar o risco de efeitos adversos de muitas medicações. É necessário reconhecer que a toxicidade pode ocorrer em alguns pacientes, mesmo que as concentrações plasmáticas do medicamento estejam dentro da faixa de variação terapêutica. De forma semelhante, alguns pacientes podem não sentir efeito terapêutico quando as concentrações plasmáticas do medicamento estiverem na mesma faixa de variação-alvo. Portanto, a obtenção da concentração plasmática desejada de um medicamento pode aumentar a probabilidade de uma resposta terapêutica e reduzir a probabilidade de uma resposta tóxica. A farmacogenética é um ramo em expansão, com novas descobertas surgindo com frequência. Portanto, novos conhecimentos a respeito dos efeitos da genética sobre medicações e novos testes permitirão uma maior individualização do tratamento no futuro.
FUNÇÃO DA ENFERMAGEM NA FARMACODINÂMICA, FARMACOCINÉTICA E FARMACOGENÉTICA Defesa do paciente Como parte da verificação da dose, os enfermeiros devem ter ciência dos resultados de testes que podem afetar as dosagens de medicação e devem garantir que os ajustes de doses adequados tenham sido feitos para o paciente. Além disso, se uma medicação não estiver tendo o efeito desejado ou tiver causado toxicidades inesperadas, a possibilidade de existência de um motivo genético para essas respostas não programadas à medicação deve ser explorada. A inscrição em estudos farmacogenéticos e os resultados desses estudos precisam ser documentados no prontuário médico do paciente. Documentação A precisão da documentação é crucial para a avaliação da resposta individual do paciente ao tratamento e a consideração de possíveis alterações na terapia. Isso vale para todos os pacientes que recebem quimioterapia, estando ou não inscritos em um estudo clínico. A documentação inclui nome do medicamento, dose, via, horários de início e fim para cada medicamento, data (incluindo o ano) e todos os efeitos colaterais (até mesmo os que podem ser esperados). Para pacientes inscritos em estudos clínicos, é comum que outras planilhas ou formulários eletrônicos para cada medicamento precisem ser preenchidos, além da documentação de costume no prontuário médico. Embora o preenchimento desses formulários tome tempo adicional, essa documentação faz parte da função do enfermeiro oncológico e é crucial para a continuação das pesquisas projetadas para aprimorar a quimioterapia para crianças. Coleta de espécimes Os enfermeiros devem garantir que amostras farmacocinéticas (p. ex., sangue, líquido cefalorraquidiano, medula óssea, urina) sejam coletadas no tubo adequado, com documentação
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Capítulo 2. Visão Geral do Câncer
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