PLANO DE ESTUDOS DE Quimioterapia e Bioterapia PEDIÁTRICA

entre os sistemas imunológicos inato e adaptativo transportando micróbios para linfócitos T no tecido linfático próximo e atuando como APCs. Nessa função, elas apresentam os micróbios aos linfócitos T, permitindo que os linfócitos “aprendam” o micróbio. Na sequência, os linfócitos T saem e buscam mais micróbios ou antígenos do mesmo tipo, reagindo como se eles próprios tivessem encontrado os antígenos. Linfócitos T ativados também podem permanecer nos órgãos linfoides para auxiliar na resposta imunológica adaptativa. Linfócitos T ativados e linfócitos B ativados trabalham juntos dentro dos órgãos linfoides para destruir patógenos estranhos; o linfócito B reveste o patógeno com os anticorpos que ele secreta, facilitando para que os macrófagos identifiquem o micróbio e o destruam por fagocitose. Assim, os linfócitos B podem agir para destruir patógenos estranhos ao longo de grandes distâncias por intermédio dos anticorpos que eles secretam e distribuem pela corrente sanguínea, ao passo que as células T podem agir apenas sobre células que estejam perto delas; uma célula T pode viajar para locais distantes, mas precisa estar perto das células-alvo para destruí-las (Alberts et al., 2015). Células que estão simultaneamente na imunidade adaptativa e na imunidade inata • Células T gama delta: Células T que são ativadas de maneira independente do MHC, ao contrário de outras células T. Células T gama delta geram uma resposta imunológica em inflamação, vigilância tumoral, doenças infecciosas e autoimunidade. Pesquisas atuais já demonstraram uma promissora função para as células T gama delta em imunoterapia, contra uma variedade de malignidades sólidas e hematológicas. • Células T exterminadoras naturais: células raras encontradas no sangue periférico. Elas desempenham uma função na imunorregulação, produzindo citocinas que influenciam outras células imunológicas, como células NK, macrófagos, neutrófilos e células B; também podem recrutar e ativar células dendríticas (British Society for Immunology, 2016). Efeitos da quimioterapia sobre a hematopoiese e a resposta imunológica Os efeitos da quimioterapia sobre a produção de células- tronco hematopoiéticas reduz o número de glóbulos brancos, glóbulos vermelhos e plaquetas. Além disso, a quimioterapia suprime tanto a resposta imunológica inata quanto a adaptativa, interferindo na produção das células necessárias à produção da resposta imunológica. Cursos de quimioterapia padrão são administrados de acordo com um cronograma que permita que a medula de um paciente se recupere e que contagens sanguíneas melhorem após um período de tempo esperado entre ciclos. Durante a terapia anticâncer, as contagens de glóbulos brancos, hemoglobina e plaquetas do paciente começam a cair aproximadamente 7–10 dias após o primeiro dia de tratamento; as contagens se recuperam aproximadamente 14–21 dias depois. A contagem sanguínea e a recuperação imunológica de um paciente dependem de diversos fatores, incluindo as doses de quimioterapia recebidas, a combinação de agentes recebida, o número de ciclos anteriores recebidos e a dose de toda radioterapia administrada. Em transplante de células-tronco hematopoiéticas, quimioterapia e radioterapia são administradas em altas doses, o que resulta em neutropenia e pancitopenia prolongadas ou irreversíveis. O transplante de células-tronco obtidas previamente do paciente ou de outro doador tem a intenção de repopular as células-tronco após a terapia de alta dose em um

paciente que, do contrário, sofreria de supressão irreversível da medula óssea. É essencial entender o impacto do plano de tratamento de um paciente sobre sua contagem de células sanguíneas e função imunológica para monitorar possíveis complicações. Avaliação e estadiamento do diagnóstico Quando há suspeita de câncer infantil, um diagnóstico preciso é necessário para uma avaliação com exatidão do tipo de malignidade, a determinação da extensão da doença e a seleção da modalidade adequada de tratamento. O processo de estadiamento define a extensão do alastramento do tumor localmente, regionalmente e sistemicamente. Entre os componentes do processo de estadiamento estão um histórico médico e um exame físico abrangentes; estudos laboratoriais e radiológicos; e (se necessário) procedimentos invasivos, como biópsia cirúrgica, punção lombar ou aspiração ou biópsia da medula óssea. Uma avaliação patológica completa do tecido tumoroso é essencial para a precisão no diagnóstico e no tratamento. A avaliação do tecido inclui morfologia e histologia, imunofenotipagem, citogenética e genética molecular. Os resultados dos testes citogenéticos e moleculares podem conter significância prognóstica e são incorporados à decisão relativa ao curso de tratamento. COMPONENTES DO PROCESSO DIAGNÓSTICO Histórico e exame físico abrangentes O diagnóstico antecipado do câncer infantil costuma ser algo de difícil obtenção, devido à natureza não específica dos sinais e sintomas iniciais. Caso haja suspeita de malignidade, as informações obtidas no histórico e o foco do exame físico podem revelar qualquer um dos sinais e sintomas cardeais do câncer infantil ( Tabela 2.4 ). Em caso de suspeita de malignidade da medula óssea, o histórico deve reunir informações sobre perda de peso, dor óssea, incidência e frequência de febres, infecções recorrentes, fadiga e sangramento. O exame físico deve se concentrar em evidências de hematomas, palidez, petéquias, linfadenopatia ou hepatosplenomegalia. Um exame neurológico também deve ser realizado para avaliar a possibilidade de doença do SNC. Tabela 2.4. Sinais e sintomas de câncer infantil • Febre, geralmente na ausência de infecção • Cefaleia persistente, possivelmente associada a náusea e vômitos • Fadiga, mal-estar • Anorexia com perda de peso não intencional associada • Linfadenopatia • Dor, especialmente localizada nos ossos e articulações • Massa abdominal ou nas extremidades • Púrpura, petéquias ou hematomas • Palidez • Alterações na passada, equilíbrio ou personalidade • Suores noturnos • Pancitopenia • Andar claudicante • Hematúria

16 Plano de Estudos de Quimioterapia e Bioterapia Pediátrica: Quarta Edição

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