PLANO DE ESTUDOS DE Quimioterapia e Bioterapia PEDIÁTRICA

vida das crianças (Dobrozsi, Yan, Hoffman e Panepinto, 2017). A definição da experiência de fadiga varia conforme o nível de desenvolvimento da criança. Crianças em idade escolar definem a fadiga como uma profunda sensação de cansaço físico; adolescentes descrevem a fadiga como um estado variável de exaustão, incluindo cansaço físico, mental e emocional (Hockenberry et al., 2003). Fisiopatologia O mecanismo e a incidência da fadiga em crianças com câncer são desconhecidos. Embora a fisiopatologia da FRC não seja clara, alguns mecanismos possíveis incluem citocinas pró-inflamatórias, distúrbio do ritmo circadiano com alterações no padrão e na qualidade do sono, perda de massa muscular, desregulação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal e desregulação genética (NCCN, 2017a). Outros fatores que podem contribuir incluem doença, anemia, estado nutricional, medicamentos (como dexametasona), ansiedade e depressão, atividade e repouso alterados e dor crônica ou não controlada. Sintomas Sensação de fraqueza, cansaço ou sono; desatenção; aumento da necessidade de cochilos ou períodos de descanso; e incapacidade de brincar são sintomas comuns de fadiga. Esses sintomas podem ser agudos ou crônicos. Fatores de risco • Anemia. • Infecção. • Alterações neuromusculares. • Anorexia, caquexia, desnutrição. • Padrões alterados de sono ou atividade (falta de sono, imobilidade). • Dor crônica ou não controlada. • Tratamento com quimioterapia, radioterapia, bioterapia ou cirurgia. Pacientes que recebem quimioterapia e radiação apresentam níveis mais altos de FRC do que aqueles que recebem apenas radiação (Lopes-Junior et al., 2016). • Fatores psicossociais: estresse mental e emocional, preocupação ou medo, crenças culturais, ansiedade, falta de apoio emocional, tempo de espera prolongado para consultas ou procedimentos. Tratamento médico O objetivo principal do tratamento médico é corrigir a causa subjacente da fadiga sempre que possível. O tratamento adequado da anemia, desidratação, má nutrição e dor pode diminuir ou resolver a fadiga. Uma avaliação mais detalhada, buscando diferenciar fadiga e depressão, é indicada em casos de fadiga prolongada. Possíveis complicações • Depressão. • Atraso no crescimento e desenvolvimento. • Distúrbios de aprendizagem. • Relacionamento com colegas Avaliações e intervenções de enfermagem Avaliações • A fadiga é um sintoma subjetivo e a triagem deve ser avaliada pelo relato do próprio paciente. Uma Escala de Fadiga de Câncer na Infância pode ser usada para crianças de sete anos ou mais, e existe também uma versão para os pais (Zupanec

et al., 2017). Uma escala de 1 a 10 também pode ser usada, com escores de 1 a 3 indicando fadiga leve, 4 a 6 indicando fadiga moderada e 7 a 10 indicando fadiga grave (NCCN, 2017a). • Avaliar padrões de fadiga (intermitente ou constante) e fatores de alívio e agravamento. • Avaliar o impacto da fadiga na participação do paciente em atividades da vida diária. • Avaliar os efeitos colaterais da terapia que contribuem para a fadiga, como dor, estresse emocional, má higiene do sono, anemia, desidratação, má nutrição, baixo nível de atividade e efeitos colaterais dos medicamentos. Intervenções • Incorporar períodos curtos e frequentes de descanso no plano de cuidados do paciente. Implementar tempos de descanso protegidos. • Prestar cuidados de maneira agrupada para minimizar as interrupções. Estabelecer horários de silêncio no posto de enfermagem. • O benefício do exercício físico tem fortes evidências em adultos; mas há evidências de qualidade inferior de que o exercício físico é uma das principais intervenções para reduzir a fadiga em crianças (Braam et al., 2013; NCCN, 2017a). • Incentivar as atividades de distração. Consultar um especialista em vida infantil, conforme indicado. • Estabelecer uma rotina ou horário no ambiente hospitalar. • Estabelecer uma boa higiene do sono, que pode incluir horários regulares para dormir e despertar, atividades silenciosas antes de dormir, um ambiente fresco e escuro para o sono, evitar cafeína, exposição diária à luz e técnicas de exercício e relaxamento (Zupanec et al., 2017). • Terapias físicas, como acupuntura e massagem, podem ser benéficas. • O componente farmacológico de uma abordagem multimodal para o tratamento da FRC pode incluir o uso de psicoestimulantes como o metilfenidato (Lopes-Junior et al., 2016). • As abordagens não farmacológicas da FRC também podem ser úteis e incluem ioga, toque terapêutico, musicoterapia, terapia cognitivo-comportamental, relaxamento, hipnose, biofeedback , atenção plena e meditação (Lopes-Junior et al., 2016; NCCN, 2017a). • Apoiar as necessidades nutricionais. • Coenzima Q10 e L-carnitina foram avaliadas e não mostraram benefício, mas alguns dados apoiam o uso de ginseng em adultos (NCCN, 2017a). • Obter consultas nutricionais e de fisioterapia, conforme indicado. Instrução ao paciente e à família • Fornecer orientação antecipada sobre os sintomas e suas causas. • Discutir com pacientes e familiares estratégias para maximizar a energia e o relaxamento. • Incentivar pacientes e familiares a estabelecerem metas realistas para combater a fadiga. • Instruir pacientes e familiares sobre a importância do exercício físico regular e de uma dieta bem equilibrada.

278 Plano de Estudos de Quimioterapia e Bioterapia Pediátrica: Quarta Edição

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