PLANO DE ESTUDOS DE Quimioterapia e Bioterapia PEDIÁTRICA

Tabela 8.23. Agentes quimioterápicos e direcionados associados a lesão renal (continuação) Local da lesão Tipo de lesão Agentes Vasculatura renal (continuação) Glomeruloesclerose crônica Nota. De: “An Introduction to Chemotherapy-Associated Nephrotoxicity”, por I. Pang, K. Cameron e M. Battistella, 2015, Canadian Association of Nephrology Nurses and Technicians Journal, 25 (4), pp. 19–23; “Nephrotoxicity from Chemotherapeutic Agents: Clinical Manifestations, Pathobiology, and Prevention/Therapy”, por M. A. Perazella e G. W. Moeckel, 2010, Seminars in Nephrology, 30 (6), pp. 570–581, doi:10.1016/j.semnephrol.2010.09.005; “Antineoplastic Treatment and Renal Injury: An Update on Renal Pathology due to Cytotoxic and Targeted Therapies”, por M. L. Troxell, J. P. Higgins e N. Kambham, 2016, Advances in Anatomic Pathology, 23 (5), pp. 310–329, doi:10.1097/PAP.0000000000000122. Carmustina Lomustina

Instrução ao paciente e à família • Identificar comportamentos de alto risco.

Sintomas A disfunção renal tubular pode causar desequilíbrio hídrico, ganho de peso, aumento da pressão arterial, taquicardia, taquipneia, proteinúria, oligúria e ascite. Alterações comuns nos valores laboratoriais incluem elevação de creatinina sérica, nitrogênio ureico no sangue (BUN) ou ácido úrico; desequilíbrios eletrolíticos (especialmente baixo potássio, magnésio, cálcio e fósforo) e diminuição do clearance de creatinina ou da taxa de filtração glomerular (TFG). Os sintomas podem ser de curto, médio ou longo prazo. Normalmente são transitórios, com o paciente se recuperando entre ciclos de terapia. Às vezes, os sintomas podem piorar com doses cumulativas. A gravidade dos sintomas da insuficiência tubular renal pode ser classificada com os Critérios Comuns de Terminologia para Eventos Adversos – CTCAE (ver Apêndice F) ou conforme o protocolo de tratamento específico. Fatores de risco • Regimes de tratamento que incluem agentes quimioterápicos nefrotóxicos, como carboplatina, carmustina, cisplatina, clofarabina, ciclofosfamida, ifosfamida, lomustina, metotrexato e vincristina (Perazella e Izzedine, 2015). • Idade inferior a 12 meses. • Grande carga tumoral (leucemia com hiperleucocitose na apresentação do paciente, linfoma de Burkitt, tumores renais). • Administração simultânea de outros medicamentos nefrotóxicos, como AINEs, aminoglicosídeos, ciclosporina e anfotericina B. • Má nutrição ou má hidratação. • Deslocamentos de fluidos extravasculares. • Doença renal preexistente. • Os inibidores do EGFR (gefitinibe, erlotinibe, cetuximabe) podem causar distúrbios eletrolíticos (Abbas, Mirza, Ganti e Tendulkar, 2015; Porta, Cosmai, Gallieni, Pedrazzoli e Malberti, 2015). • Agentes que têm como alvo o VEGF e o receptor de VEGF (bevacizumabe, sunitinibe, pazopanibe) e outros inibidores da multiquinase, como sorafenibe e imatinibe, podem causar hipertensão e proteinúria (Abbas et al., 2015; Porta et al., 2015). • O crizotinibe pode causar cistos renais (Porta et al., 2015). • Os inibidores da proteína mTOR (everolimo, tensirolimo) podem causar proteinúria, lesão renal aguda e distúrbios eletrolíticos (Porta et al., 2015). Tratamento médico O tratamento médico e a prevenção de nefrotoxicidade induzida por quimioterapia devem observar atentamente as necessidades de fluidos e eletrólitos do paciente. Para tratamento de pacientes com grande carga tumoral ou sob risco de síndrome da lise

• Orientar pacientes e familiares quanto à importância de um estilo de vida saudável, incluindo boa nutrição e atividade física. Sistema renal Os rins são responsáveis pela regulação do volume de fluidos corporais. Eles mantêm concentrações normais de sódio, potássio, cloretos, cálcio, magnésio e fosfato, e excretam resíduos celulares. Os rins também desempenham um papel essencial no metabolismo e excreção de medicamentos e, portanto, correm o risco de sofrer lesões ou danos provocados por agentes de quimioterapia e bioterapia ou seus metabólitos. Os danos nos rins podem ser classificados como pré-renal (geralmente devido a volume inadequado de fluido ou hipoperfusão); renal agudo (geralmente acidose tubular aguda) ou pós-renal (geralmente obstrução do fluxo urinário devido à obstrução de túbulos distais ou ureteres). A quimioterapia e os agentes direcionados podem estar associados, direta ou indiretamente, a qualquer um desses tipos de danos. INSUFICIÊNCIA RENAL TUBULAR Definição A disfunção renal tubular é causada pela diminuição da capacidade dos rins de desempenharem suas funções normais: equilibrar eletrólitos, manter o equilíbrio ácido-base, eliminar resíduos e auxiliar nas funções endócrinas. Fisiopatologia Os agentes quimioterápicos podem causar danos diretos e indiretos aos túbulos renais ( Figura 8.5, Tabela 8.23 ). Os danos indiretos geralmente resultam da precipitação de metabólitos, que pode levar a obstruções e nefropatia obstrutiva. A disfunção tubular pode causar perda de eletrólitos, principalmente magnésio, potássio, bicarbonato e fósforo (Ruggiero, Ferrara, Attinà, Rizzo e Riccardi, 2017). Esse dano pode ser temporário ou progressivo, potencialmente resultando em insuficiência renal. Doses altas isoladas e dosagem cumulativa ao longo do tempo aumentam o risco de danos. Infiltração tumoral, quimioterapia, imunoterapia, radioterapia, contraste radiológico, cirurgia e tratamentos de suporte, como antibióticos aminoglicosídeos e anfotericina, podem contribuir para a disfunção renal (Skinner, 2017; Troxell, Higgins e Kambham, 2016).

262 Plano de Estudos de Quimioterapia e Bioterapia Pediátrica: Quarta Edição

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