ou administração de nutrição parenteral total. A alimentação enteral é preferível à nutrição parenteral, desde que o trato gastrointestinal esteja funcionando. Estimulantes do apetite como acetato de megestrol (AM), cloridrato de ciproeptadina (CC) e dronabinol têm sido usados com sucesso para aumentar a ingestão oral em determinadas populações de pacientes. Um estudo com crianças com caquexia associada ao câncer ( N = 66) que receberam CC 0,25 mg/kg VO duas vezes ao dia ou AM 10 mg/kg VO uma vez ao dia mostraram um significativo ganho de peso em quatro semanas, com taxas de resposta superiores a 75% (Couluris et al., 2008). Em outro estudo, 26 pacientes pediátricos com câncer foram selecionados aleatoriamente para receber AM ou placebo durante 90 dias, e o grupo que recebeu AM teve um ganho de peso cerca de 20% maior do que o grupo que recebeu placebo (Cuvelier et al., 2014). Em uma análise de 11 estudos observacionais, pesquisadores descobriram que pacientes com leucemia tiveram a menor prevalência de desnutrição no momento do diagnóstico (5%– 10%), crianças com neuroblastoma tiveram a maior taxa de desnutrição no diagnóstico (50%), e a prevalência em crianças com outros tumores sólidos foi de 0%–30% (Co-Reyes, Li, Huh e Chandra, 2012). Possíveis complicações • Desnutrição. • Atraso no crescimento e desenvolvimento. • Desequilíbrios eletrolíticos. • Anemia. Avaliações e intervenções de enfermagem Avaliações • Monitorar a ocorrência de anemia e desequilíbrio eletrolítico no paciente para avaliar a situação nutricional: hemograma completo, bioquímica sérica, proteínas, albumina, pré- albumina, leptina sérica (um marcador do conteúdo de gordura corporal). • Elaborar um histórico alimentar e determinar o estado nutricional basal. • Avaliar o peso diário e a contagem de calorias. • Medir altura, peso, IMC e antropometria do braço (dobra cutânea do tríceps); registrar os resultados em um gráfico de crescimento no início da terapia e avaliar regularmente durante toda a terapia. A dobra cutânea do tríceps é uma medida mais eficaz para avaliar a desnutrição em crianças com câncer do que o IMC (Co-Reyes et al., 2012). • Monitore o balanço hídrico, especialmente se o paciente tiver histórico de náusea e vômito. Intervenções • Administrar antieméticos antes de refeições, nos horários de medicamentos, e na administração de quimioterapia e radioterapia, conforme necessário. • Incentivar a ingestão oral, oferecendo refeições e lanches pequenos e frequentes e prestando atenção às preferências alimentares da criança. • Evitar alimentos com cheiros fortes. • Para pacientes com redução do paladar, oferecer alimentos com temperos mais fortes e comidas salgadas; evitar alimentos excessivamente doces. • Administrar estimulantes do apetite, como AM, CC ou dronabinol. Como o AM pode causar supressão adrenal, os níveis de cortisol matinal devem ser monitorados. O CC pode
ALTERAÇÃO NA NUTRIÇÃO Definição
A alteração na nutrição é indicada por uma alteração no processo de consumo, digestão ou uso de nutrientes no corpo. A mudança na ingestão oral pode resultar em ganho ou perda de peso relacionada ao processo de doença ou à terapia que a criança está recebendo. Fisiopatologia Alterações na nutrição podem ser causadas por problemas mecânicos (p. ex., obstrução, cirurgia) relacionados a um processo ou tratamento de doença (p. ex., quimioterapia, bioterapia, radioterapia). A situação nutricional de uma criança pode afetar o curso do tratamento e o resultado. Uma meta-análise do índice de massa corporal (IMC) em crianças com leucemia mostrou que um alto IMC no diagnóstico estava associado a uma sobrevida geral ruim e sem eventos (Amankwah, Saenz, Hale e Brown, 2016). Outra meta-análise de IMC em crianças com câncer indica uma associação adversa entre sobrevida e obesidade ou sobrepeso para pacientes pediátricos com LLA ou LMA (Orgel et al., 2016). O objetivo de fornecer uma nutrição adequada é sustentar e promover o crescimento, mantendo um peso saudável. Sintomas Náusea, vômitos, anorexia, estomatite e alterações de paladar são os sintomas mais comuns associados à alteração nutricional. A anorexia prolongada pode levar a caquexia, deficiência de vitaminas, constipação ou diarréia. Ganho de peso, retenção de fluidos e aumento de apetite costumam estar associados à administração de corticosteroides. A alteração da nutrição (p. ex., náusea, vômito ou diarréia) pode ser um efeito colateral imediato do tratamento, ou pode ocorrer posteriormente (p. ex., aumento gradual de fluidos e peso associado com doença do SNC ou administração de corticosteroides). Fatores de risco • Quimioterapia e radiação podem danificar o revestimento mucoso no trato gastrointestinal. As glândulas salivares também podem ser afetadas, resultando em diminuição da produção de saliva e alterações do paladar. • O uso de corticosteroides pode resultar em ganho de peso, mas também pode causar catabolismo, aumentando o risco de desnutrição. • Radioterapia em cabeça, pescoço, abdômen ou pelve. • Cirurgia abdominal extensa. • Quimioterapia intensa em intervalos de menos de três semanas. • TCTH. • Síndrome diencefálica. • Doença metastática ou recorrente. • Dor. • Antibióticos e opióides.
• Fadiga, depressão e ansiedade. • Alteração da atividade física. • Deficiência de vitaminas. Tratamento médico
O tratamento médico se concentra no fornecimento de conteúdo calórico adequado para promover ou manter um crescimento e desenvolvimento normais. O conteúdo calórico pode ser aumentado através de suplementos orais, alimentação enteral
258 Plano de Estudos de Quimioterapia e Bioterapia Pediátrica: Quarta Edição
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