vincristina e a vimblastina. Esses medicamentos podem afetar a inervação do intestino e causar diminuição do peristaltismo e até íleo paralítico. Alguns antieméticos, como antagonistas 5-HT3, podem aumentar a constipação. Sintomas Além da diminuição da frequência das evacuações, as fezes podem ficar duras e secas, com exsudação de líquido ao redor das fezes e vestígios de sangue por causa do esforço para defecar. A constipação pode causar distensão abdominal, dor, cólicas, inchaço, desconforto retal, náusea, vômito e diminuição ou ausência de sons intestinais. A constipação relacionada à quimioterapia geralmente se desenvolve dentro de vários dias ou até uma semana após a terapia. Ela pode ocorrer a qualquer momento durante o tratamento se estiver relacionada a outras etiologias. Fatores de risco • Tumor abdominal primário causando obstrução. • Compressão da medula espinhal (T8–L3). • Inibidores de tubulina (vincristina, vimblastina, vinorelbina) e bortezomibe. • Diuréticos. • Opióides. • Antagonistas 5-HT 3 (ondansetrona, dolasetrona, granisetrona, palonosetrona). • Suplementos de cálcio e ferro. • Anormalidades eletrolíticas, incluindo hipercalcemia ou hipocalemia. • Hipotiroidismo. • Desidratação.
• Diminuição da atividade. • Falta de privacidade para defecar. Tratamento médico
A constipação geralmente pode ser tratada com hidratação adequada e uma dieta rica em fibras. A administração de amaciadores de fezes ou laxantes pode ser feita profilaticamente, antes e após a quimioterapia, se houver previsão de constipação, como ocorre em doses repetidas de vincristina (Tabela 8.20). A metilnaltrexona pode ser administrada para constipação induzida por opioides (OIC, opioid-induced constipation ). Esse fármaco pode reverter a OIC sem afetar a analgesia. Relatos de casos e pequenos estudos realizados com crianças e adultos jovens indicam que a metilnaltrexona é segura e eficaz para a OIC (Flerlage e Baker, 2015; Rodrigues et al., 2013; Yeomanson, Chohan e Mayer, 2013). A intervenção cirúrgica é indicada se a constipação estiver relacionada a obstruções por tumor ou aderências. A constipação causada por compressão da medula espinhal é aliviada por cirurgia, radiação ou corticosteroides. Possíveis complicações • Impactação fecal. • Íleo paralítico ou obstrução intestinal.
• Abscesso perirretal. • Intestino perfurado. Avaliações e intervenções de enfermagem Avaliações
• Monitorar as evacuações do paciente diariamente, observando quantidade, frequência e consistência. • Usar alguma ferramenta de avaliação, como um diário intestinal ou a Escala de Fezes de Bristol ( Bristol Stool Chart )
Tabela 8.20. Medicamentos frequentemente usados para constipação Nome do medicamento Categoria terapêutica Dosagem oral
Considerações especiais
Bisacodil a (Dulcolax)
Laxativo, estimulante Estimula o peristaltismo ao irritar diretamente o músculo liso do intestino O uso prolongado de laxativos estimulantes pode causar dependência laxativa e perda da função intestinal b Laxativo, surfactante, amaciador de fezes
Crianças de 3 a 10 anos: administrar 5 mg/ dia Crianças > 10 anos: administrar 5–10 mg/dia A dosagem oral funciona dentro de 6–10 horas
Leite ou antiácidos podem diminuir o efeito do bisacodil O bisacodil pode causar dores abdominais O bisacodil é apresentado na forma de supositórios
Docusato sódico b (Colace)
Crianças < 3 anos: administrar 10–40 mg/dia dividido em 1–4 doses Crianças 3 a 6 anos: administrar 20–60 mg/ dia dividido em 1– 4 doses Crianças 6 a 12 anos: administrar 40–150 mg/dia dividido em 1–4 doses Adolescentes e adultos: administrar 50–500 mg/dia dividido em 1–4 doses Bebês: administrar 2,5–10 mL/dia dividido em 3–4 doses diárias; ajustar a dose para produzir 2 ou 3 evacuações macias ao dia Crianças: administrar 7,5 ml uma vez ao dia após o café da manhã Adultos: administrar 15–30 ml/dia; dose máxima de 60 ml/dia
Administrar com leite, suco de frutas ou fórmula para disfarçar o sabor amargo
Lactulose b (Kristalose)
Laxativo osmótico (desintoxicante de amônia)
Usar com cautela em pacientes com diabetes mellitus; a solução contém galactose e lactose A lactulose pode causar cólicas abdominais
(continua)
250 Plano de Estudos de Quimioterapia e Bioterapia Pediátrica: Quarta Edição
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