PLANO DE ESTUDOS DE Quimioterapia e Bioterapia PEDIÁTRICA

mitoxantrona. A toxicidade miocárdica se intensifica com o aumento de dosagens cumulativas. Pacientes pediátricos têm maior risco de desenvolver toxicidade cardíaca tardia e ICC no início da idade adulta. A probabilidade de complicações cardíacas devido a dosagens cumulativas de antraciclinas é a seguinte: – 1%–2% com 300 mg/m 2 – 3%-5% com 400 mg/m 2 – 6%-8% com 450 mg/m 2 • Regimes de quimioterapia que incluem altas doses de ciclofosfamida ou fluorouracil. • Regimes de quimioterapia que incluem quimioterapia concomitante, paclitaxel e anticorpos monoclonais. • Regimes de tratamento que incluem trastuzumabe, alentuzumabe ou imatinibe. • Radioterapia envolvendo o mediastino. • Doença cardiopulmonar preexistente. • Idade abaixo de cinco anos durante o tratamento. • Sexo feminino. • Trissomia 21. • Histórico de hipertensão. • Anemia. Tratamento médico Várias estratégias são usadas para minimizar o risco de cardiomiopatia: • Limitar a dose cumulativa total de antraciclinas. • Administrar um cardioprotetor, agente quelante de ferro ou dexrazoxano dentro de 30 minutos após a administração de antraciclina. • Diminuir a dose de antraciclina, se for administrada concomitantemente com radioterapia. • Administrar antraciclinas por um período mais longo de infusão pode diminuir náuseas e vômitos, mas pode aumentar a incidência de mucosite. Tempos de infusão mais longos não demonstraram diminuir o risco de cardiomiopatia (Lipshultz, Miller, Lipsitz et al., 2012). • Administrar doxorrubicina lipossômica, que pode permitir doses cumulativas mais altas com menor incidência de ICC (Lipshultz et al., 2014). • Exame físico completo para determinar a função cardíaca basal. • Avaliação da função cardíaca antes, durante e após tratamentos que incluam agentes cardiotóxicos. A fração de ejeção do ventrículo esquerdo (LVEF, ou fração de ejeção [EF]) e a fração de encurtamento do ventrículo esquerdo (LVSF, ou fração de encurtamento [SF]) são as medições mais comuns utilizadas para avaliar a função cardíaca. O método mais comum utilizado para avaliar a função cardíaca, incluindo EF e SF, é o ECO. É um procedimento não invasivo e não expõe o paciente à radiação. Para pacientes obesos ou para confirmação de achados anormais de ECO, a ventriculografia radioisotópica (MUGA, de multigated aquisition ) é um método alternativo para avaliação de EF. • Os sintomas e complicações são controlados pela administração de oxigênio (se necessário), antiarrítmicos (conforme indicado) e administração de produtos hematológicos, se o paciente for anêmico.

Avaliações e intervenções de enfermagem Avaliações • Monitorar os sinais e sintomas de arritmias cardíacas, incluindo aumento da frequência cardíaca, desconforto no peito e síncope. • Monitorar os sinais vitais. • Monitorar as alterações do ECG. Intervenções • Calcular e documentar a dose cumulativa de antraciclinas. • Administrar oxigênio conforme necessário. • Administrar medicamentos usados para aumentar o débito cardíaco (por exemplo, diuréticos, antiarrítmicos), se houver prescrição. Instrução ao paciente e à família • Ensinar pacientes e familiares sobre os efeitos colaterais da quimioterapia cardiotóxica. • Ensinar os pacientes e familiares a reconhecerem os sinais e sintomas de arritmia (“coração acelerado”, pular uma batida, dor no peito, síncope, sensação de tontura ou vertigem). • Destacar a importância de exames físicos regulares e consultas de acompanhamento no longo prazo. CARDIOMIOPATIA Definição A cardiomiopatia é um enfraquecimento do músculo cardíaco. A quimioterapia pode causar danos irreversíveis ao músculo cardíaco, impedindo sua adequada capacidade de contração ( Tabela 8.13 ). O resultado é uma progressiva disfunção ventricular esquerda. O efeito pode ser agudo, início precoce ou início tardio. Fisiopatologia A cardiomiopatia ocorre quando os miócitos cardíacos são danificados pela produção de radicais livres de oxigênio tóxicos e pelo aumento do estresse oxidativo. Os miócitos são substituídos por tecido fibroso, que é menos elástico e incapaz de funcionar como um músculo normal. Essa condição causa diminuição da contratilidade muscular, isquemia e possíveis problemas de condução (Lipshultz et al., 2014). A cardiomiopatia causada por agentes biológicos é diferente da toxicidade relacionada às antraciclinas. O trastuzumabe causa uma disfunção miocítica temporária. O mecanismo varia de acordo com o agente, mas em geral o efeito é temporário e não está relacionado à dosagem do medicamento. Sintomas Os sintomas comuns da cardiomiopatia incluem fadiga, taquicardia e dor no peito. À medida que o dano no músculo cardíaco continua, os pacientes apresentam sintomas de ICC, falta de ar e tosse improdutiva. Edema pulmonar com ganho de peso, distensão das veias do pescoço, edema dependente e má perfusão de tecidos periféricos ficam evidentes à medida que a condição do paciente piora. Cardiomegalia e hepatomegalia ocorrem com a piora da função e dos danos cardíacos. A gravidade dos sintomas de cardiomiopatia pode ser classificada com os Critérios Comuns de Terminologia para Eventos Adversos – CTCAE (ver Apêndice F) ou conforme o protocolo de tratamento específico. Fatores de risco (Lipshultz et al., 2014) • Regimes de quimioterapia que incluem antraciclinas, como doxorrubicina, daunorrubicina, idarrubicina, epirrubicina e

234 Plano de Estudos de Quimioterapia e Bioterapia Pediátrica: Quarta Edição

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