PLANO DE ESTUDOS DE Quimioterapia e Bioterapia PEDIÁTRICA

• Criopreservação de esperma em pacientes do sexo masculino antes do início da quimioterapia, se possível e desejado pelo paciente ou família (Kelvin, 2016). • Criopreservação de ovócitos ou criopreservação de tecido ovariano para pacientes do sexo feminino, se possível, antes do início da quimioterapia (Kelvin, 2016). Alguns métodos são considerados experimentais e geralmente são caros. • A supressão ovariana com o agonista do hormônio liberador de gonadotrofina acetato de leuprolida (Lupron) pode ajudar a prevenir o desenvolvimento de insuficiência ovariana (Chen, Li, Cui e Hu, 2011; Del Mastro et al., 2014; Lambertini et al., 2015). • Blindagem testicular ou transposição ovariana para afastar os ovários do campo de radiação. • Terapia de reposição hormonal. Possíveis complicações • Disfunção gonadal permanente. • Infertilidade, possivelmente permanente. • Disfunção sexual, possivelmente permanente. Avaliações e intervenções de enfermagem Avaliação • Avaliar o risco de infertilidade do paciente, com base no tratamento planejado. • Avaliar a maturidade física do paciente e a possibilidade de preservação da fertilidade. • Avaliar as crenças culturais e religiosas do paciente no que toca à preservação da fertilidade. • Avaliar a adequação de se preservar a fertilidade, com base na malignidade subjacente e na progressão da doença (Fernbach et al., 2014; Romao e Lorenzo, 2017). • Para pacientes pré-púberes, monitorar o desenvolvimento normal. • Monitorar os ciclos menstruais de pacientes do sexo feminino para identificar a ocorrência de amenorreia ou alterações de regularidade com duração superior a três meses (American College of Obstetricians and Gynecologists, 2014). Intervenções • Para pacientes do sexo masculino, defender o direito de acesso a bancos de esperma antes do início da quimioterapia, sempre que possível. • Defender a administração de acetato de leuprolida (Lupron) a pacientes do sexo feminino, conforme indicado, para supressão do ovário. Instrução ao paciente e à família • Informar os possíveis riscos de disfunção gonadal, conforme o tratamento planejado. • Colaborar com outras equipes para garantir que todas as opções de preservação da fertilidade sejam consideradas, se isso for apropriado e desejado (Fernbach et al., 2014; Romao e Lorenzo, 2017). • Informar como deve ser a progressão normal da puberdade e ensinar a identificar sinais de uma possível disfunção gonadal. • Oferecer apoio emocional e informar sobre possíveis alternativas de construção familiar, se a preservação da fertilidade não for uma opção.

Sistema respiratório Quimioterapia, bioterapia e radioterapia podem causar efeitos tóxicos nos pulmões durante o tratamento. Os efeitos colaterais pulmonares podem ter um início súbito ou podem se desenvolver lentamente por vários dias, semanas ou meses. Na fase inicial, às vezes ocorrem lesões pulmonares intersticiais. Como resultado, toxicidades mais significativas, como fibrose pulmonar, se desenvolvem meses ou anos depois. As lesões pulmonares podem ser restritivas ou obstrutivas. A lesão pulmonar restritiva acarreta redução do volume pulmonar ou do fluxo de ar, podendo ocorrer como resultado de cicatrizes, fibrose ou danos na parede torácica. A doença pulmonar obstrutiva resulta da redução de trocas gasosas e da diminuição do suprimento de sangue para os alvéolos, ou de danos aos próprios alvéolos. Alguns efeitos colaterais pulmonares podem ser causados por agentes quimioterápicos que afetam diretamente o tecido pulmonar; outros podem ser decorrentes dos cuidados de suporte prestados. A Tabela 8.8 mostra um resumo dos efeitos colaterais pulmonares que podem ocorrer com o uso de quimioterapia e bioterapia. A Tabela 8.9 explica os testes de função pulmonar. A Tabela 8.10 compara os sintomas de toxicidade pulmonar. PNEUMONITE Definição Pneumonite é uma inflamação pulmonar aguda e localizada, que pode ser causada por um processo infeccioso ou irritante. Fisiopatologia A quimioterapia pode causar inflamações pulmonares, seja por efeito direto sobre as células endoteliais, seja como resultado de hipersensibilidade. Em qualquer caso, os alvéolos e o endotélio capilar sofrem lesões. A bleomicina é bem conhecida por causar pneumonite ao danificar diretamente as células parenquimais. Como os pulmões não possuem a enzima necessária para metabolizar a bleomicina, a droga se acumula no local e causa uma reação inflamatória que resulta em pneumonite intersticial (Versluys e Bresters, 2016). Em pacientes sob terapia com ciclofosfamida em altas doses, acredita-se que a toxicidade pulmonar seja causada pela acroleína, um subproduto metabólico da ciclofosfamida, e não pela droga em si. A radioterapia pode causar danos diretos às células endoteliais capilares. Os danos ao endotélio, causados por quimioterapia ou radioterapia, resultam em inflamação e aumento da permeabilidade capilar, permitindo que o fluido vaze para os alvéolos e interfira nas trocas gasosas. Sintomas Dispneia, crepitação, atrito pleural e tosse improdutiva são sintomas que podem ser avaliados no exame físico. O paciente pode se queixar de febre baixa ou se cansar facilmente. Taquipneia, dessaturação dos níveis de oxigênio e cianose são sinais de deterioração da função pulmonar. O início dos sintomas é altamente variável. A pneumonite relacionada à administração de quimioterapia pode ser imediata ou se desenvolver em 7–10 dias após o tratamento. A pneumonite relacionada à radioterapia geralmente se desenvolve entre 1–3 meses após o tratamento com radiação ( Josephson e Goldfarb, 2014). Pacientes que receberam nivolumabe podem desenvolver pneumonite imunomediada entre 6 e 12 semanas após o tratamento, e os sintomas podem persistir por várias semanas (Lexicomp, 2017). O teste de função pulmonar poderá diagnosticar doença pulmonar restritiva, bem como a diminuição

Capítulo 8. Toxicidade e Tratamento de Sintomas 225

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