PLANO DE ESTUDOS DE Quimioterapia e Bioterapia PEDIÁTRICA

sanguínea, garantir a adequada função renal, evitar ataques epilépticos e tratar edemas. Manitol pode ser usado para tratar o edema. A ressonância magnética é o exame de preferência para avaliar a SERP. A eletroencefalografia é recomendada para pacientes que tiveram ataques epilépticos relacionados à SERP. Recomenda-se medicação anticonvulsivante por três a seis meses após a SERP para crianças que tiveram um único episódio de ataque epiléptico sem complicações; e por até 12 meses para crianças com ataques epilépticos recorrentes e anormalidades no eletroencefalograma (Pavlidou et al., 2016). Possíveis complicações • Ataques epilépticos. • Epilepsia, uma das possíveis sequelas raras da SERP (Hinduja et al., 2016; Tambasco et al., 2016). • Alterações comportamentais • Falência de múltiplos órgãos, que pode ser fatal (Tambasco et al., 2016) Avaliações e intervenções de enfermagem Avaliação • Monitorar o estado neurológico. • Monitorar os sinais vitais e verificar alterações, especialmente da pressão sanguínea. • Avaliar alterações da visão. • Monitorar a função renal e o débito urinário. Intervenções • Adotar precauções para evitar ataques epilépticos. • Administrar medicamentos anticonvulsivantes, conforme prescrição médica. • Monitorar o balanço hídrico e a função renal. Instrução ao paciente e à família • Educar os familiares sobre intervenções para SERP. • Orientar o paciente e seus familiares a comunicarem imediatamente qualquer alteração do estado neurológico, alterações no nível de consciência, ataques epilépticos, alterações visuais, alterações na fala, náuseas e vômitos. • Educar os familiares sobre mudanças no plano de tratamento, se os agentes quimioterápicos e bioterápicos forem ajustados ou descontinuados.

pilosas sensoriais da cóclea. Esse efeito costuma ser bilateral e irreversível. Complicações auditivas observadas com terapias direcionadas também decorrem de dano à cóclea, sistema vestibular, ou ambos. O início e a permanência dos sintomas variam conforme a dosagem e a frequência de administração (O'Leary, 2014). A furosemida e outros diuréticos de alça alteram as concentrações de eletrólitos nos fluidos do ouvido interno, o que pode causar uma interrupção da condução sonora que normalmente é transitória. Sintomas A perda auditiva associada à quimioterapia quase sempre é progressiva e assintomática. Alguns pacientes podem se queixar de zumbidos e vertigem. Outros sintomas sutis que pais e professores podem notar na criança incluem dificuldade auditiva na presença de ruídos de fundo, incapacidade de identificar a origem de sons e desatenção em casa ou na escola. A perda auditiva precoce pode começar após o primeiro curso de terapia. A perda auditiva normalmente se intensifica conforme as doses cumulativas de cisplatina ou carboplatina aumentam. Inicialmente, a perda auditiva se dá na faixa de alta frequência acima de 4.000 Hz, mas com a exposição cumulativa, a perda pode progredir para frequências mais baixas, da ordem de 500–4.000 Hz (Bass et al., 2016). A perda auditiva decorrente de radioterapia pode ser súbita e envolver múltiplas frequências, ou pode se desenvolver entre 3–10 anos após o término da terapia. A gravidade dos sintomas de ototoxicidade pode ser classificada com os Critérios Comuns de Terminologia para Eventos Adversos – CTCAE (ver Apêndice F) ou conforme o protocolo de tratamento específico. Fatores de risco • Regimes de quimioterapia que incluem cisplatina ou carboplatina, especialmente se administrados após radioterapia (a cisplatina é considerada mais ototóxica do que a carboplatina em regimes de dosagem padrão) • Doses cumulativas de cisplatina acima de 400 mg/m² ou de carboplatina acima de 1.700 mg/m² representam um risco de ototoxicidade moderada a grave para os pacientes (Bass et al., 2016; Olgun et al., 2016; van As, van den Berg e van Dalen, 2016). • Radioterapia que abrange o oitavo nervo craniano ou o ouvido em doses de 30 Gy ou mais para câncer de cabeça e pescoço em crianças (Bass et al., 2016). • Idade abaixo de cinco anos no momento em que o agente ototóxico é recebido (Freyer et al., 2017). • Dasatinibe, imatinibe, sunitinibe, trastuzumabe e cetuximabe podem causar vertigem (O’Leary, 2014). • Dasatinibe, imatinibe e sorafenibe podem causar zumbido (O’Leary, 2014). • Presença de tumor no SNC. • Neuroblastoma, hepatoblastoma, osteossarcoma e tumores de células germinativas. • Administração de prednisona. • Diminuição da função renal. • Administração IV rápida de medicamentos à base de platina ou diuréticos de alça • Administração de medicamentos à base de platina com outros medicamentos ototóxicos, como aminoglicosídeos. Tratamento médico

Sistema auditivo

OTOTOXICIDADE Definição

A ototoxicidade associada à quimioterapia na maioria das vezes é a perda auditiva de alta frequência. Essa complicação de perda auditiva pode ser temporária ou permanente, parcial ou total. Fisiopatologia O ouvido é dividido em quatro seções: ouvido externo, ouvido médio, ouvido interno e sistema nervoso auditivo. A perda de audição condutiva ocorre quando há alguma patologia no ouvido externo ou médio, como acumulação de fluido. A radioterapia pode causar otite média serosa autolimitada ou uma fibrose mais duradoura do tímpano e atrofia do nervo auditivo. A perda auditiva neurossensorial resulta de alguma patologia envolvendo a cóclea ou o nervo auditivo. A quimioterapia com platina é ototoxica principalmente para a cóclea (Bass et al., 2016). A cisplatina e os aminoglicosídeos destroem as células

O tratamento médico visa minimizar a perda auditiva e identificar complicações auditivas antecipadamente.

218 Plano de Estudos de Quimioterapia e Bioterapia Pediátrica: Quarta Edição

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