PLANO DE ESTUDOS DE Quimioterapia e Bioterapia PEDIÁTRICA

com SERP admitidos em UTI e 3%–6% de mortalidade nessa população (Hinduja, Habetz, Raina, Fitzgerald, e Sahaya, 2016). Fisiopatologia A fisiopatologia da SERP não é clara. Parece que ela está relacionada a uma autorregulação cerebral desordenada e uma disfunção do endotélio. A autorregulação cerebral é o processo homeostático pelo qual o cérebro consegue manter um fluxo sanguíneo constante, apesar das mudanças na pressão de perfusão arterial. Uma falha na autorregulação normal, que mantém o fluxo sanguíneo do cérebro, pode resultar em aumento da permeabilidade vascular e edema cerebral. A SERP pode ser causada por vasoconstrição decorrente de hipertensão com compensação autorregulatória, levando a isquemia e edema cerebral; ou hipertensão grave que excede o limite autorregulatório, levando a hiperperfusão e edema cerebral ou disfunção endotelial (Hinduja et al., 2016; Steuber, 2015; Tambasco et al., 2016). A quimioterapia usada em terapia de indução para LLA pode causar danos às células endoteliais vasculares, destruindo a barreira hematoencefálica e contribuindo para a SERP nessa população (Tang et al., 2016). Sintomas Os pacientes podem apresentar cefaleia, comprometimento do nível de consciência, ataques epiléticos, distúrbios visuais, náusea, vômitos e déficits neurológicos focais. Os distúrbios visuais podem incluir visão turva, alucinações visuais, cegueira cortical ou hemianopsia (diminuição da visão para metade do campo visual). Uma RM do cérebro mostra edema reversível da substância branca, principalmente nos lobos temporal, occipital e parietal posterior, mas isso também pode ser observado nas áreas frontal e cerebelar (Habetz, Ramakrishnaiah, Raina, Fitzgerald, e Hinduja, 2016; Pavlidou et al., 2016; Tambasco et al., 2016). Fatores de risco As condições predisponentes associadas à SERP na população pediátrica incluem: • Hipertensão grave (corticosteroides podem contribuir para a hipertensão). • Insuficiência renal. • Transtornos autoimunes. • Câncer e terapia anticâncer, especialmente indução quimioterápica para LLA (Tang et al., 2016). • TCTH para doença hematológica (Tambasco et al., 2016). • Agentes quimioterápicos e bioterápicos, como asparaginase, cisplatina, ciclosporina, ciclofosfamida, citarabina, daunorrubicina, gencitabina, ifosfamida, esteroides, vincristina, bevacizumabe, bortezomibe, ipilimumabe, pazopanibe, rituximabe, sirolimo, sorafenibe, sunitinibe e tacrolimo (Pavlidou et al., 2016; Stone e DeAngelis, 2016; Tang et al., 2016; Tavil et al., 2016).

Possíveis complicações • Comprometimento cognitivo ou comportamental permanente. • Perda de etapas do desenvolvimento. • Depressão. • Problemas com desempenho escolar, relacionamento com colegas, autoestima. • Sintomas que podem progredir ao longo do tempo. • Risco de machucar a si ou a terceiros. Avaliações e intervenções de enfermagem Avaliações • Avaliar a função comportamental e cognitiva do paciente. • Monitorar as respostas da criança ao regime de tratamento. • Avaliar o desempenho escolar da criança e defender seu direito ao aprendizado, conforme necessário. • Avaliar as relações interpessoais com a criança e a família. • Avaliar se o desenvolvimento da criança está adequado. • Avaliar a capacidade da família de lidar com as mudanças cognitivas ou comportamentais da criança. Intervenções • Ajudar em programas de reinserção escolar envolvendo a criança, colegas da escola e familiares. • Coordenar os cuidados com uma equipe multidisciplinar, incluindo especialistas em vida infantil, psicólogos e funcionários de serviços sociais, fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia, conforme apropriado. • Permitir que a equipe de psiquiatria intervenha rapidamente se os sintomas forem graves. • Monitorar os efeitos colaterais dos medicamentos nos pacientes. • Estimular uma atitude positiva com a ajuda de música, arte, redação de diários, risadas, relaxamento e exercícios. • Fornecer à escola informações que possam ser integradas ao programa educacional individualizado da criança. • Remediação cognitiva e terapia cognitivo-comportamental (terapia de curto prazo, centrada em objetivos) demonstraram ser eficazes no auxílio a esses tipos de problema. Instrução ao paciente e à família • Fornecer orientação prévia aos familiares em relação ao processo da doença e seus efeitos sobre o comportamento e a cognição. • Orientar os familiares a promoverem um estilo de vida saudável e viável para seus filhos, que estimule o autocuidado e maximize o potencial. • Ajudar as famílias a defenderem os direitos de seus filhos na escola e na comunidade. SÍNDROME DE ENCEFALOPATIA REVERSÍVEL POSTERIOR Definição A síndrome de encefalopatia reversível posterior (SERP) é uma síndrome neurológica aguda bem reconhecida, caracterizada por uma combinação de aspectos clínicos e achados de neuroimagem. O nome dessa síndrome sugere que ela é sempre reversível, mas alguns pacientes podem não voltar ao estado neurológico basal que apresentavam e acabam morrendo (Tambasco et al., 2016). Estudos em adultos revelam um comprometimento funcional grave de 44% dos pacientes

• Metotrexato intratecal (Pavlidou et al., 2016). • Iradiação corporal total (Tambasco et al., 2016).

A SERP pode ocorrer 7–30 dias após o uso de vincristina, daunorrubicina, L-asparaginase e dexametasona em pacientes com LLA (Tang et al., 2016). Tratamento médico O tratamento médico da SERP se concentra no combate aos sintomas apresentados pelo paciente. Após o diagnóstico da SERP, a quimioterapia pode ser interrompida ou modificada, e o tratamento médico se concentrará em manter a pressão

Capítulo 8. Toxicidade e Tratamento de Sintomas 217

Powered by