PLANO DE ESTUDOS DE Quimioterapia e Bioterapia PEDIÁTRICA

alcaloides da vinca) e podem incluir dor na mandíbula (nervo trigêmeo), ptose ocular (nervo oculomotor) e paralisia das cordas vocais (nervo vago). Outras possíveis complicações da quimioterapia incluem atrofia muscular, alterações de paladar e olfato, abrasões da córnea, diminuição da acuidade visual ou auditiva, paralisia facial e disfagia (ver Tabela 8.3). Alterações sensoriais podem fazer com que os pacientes arranhem, mordam ou belisquem a área afetada, causando irritações. Os efeitos colaterais podem ocorrer após uma única sessão de quimioterapia, ou podem se desenvolver lentamente após várias sessões. A causa do déficit de nervos cranianos (decorrente de tumor ou do respectivo tratamento) em pacientes com tumores de SNC deve ser cuidadosamente avaliada antes que sejam feitos ajustes na dosagem. A gravidade dos sintomas de déficit de nervos cranianos pode ser classificada com os Critérios Comuns de Terminologia para Eventos Adversos – CTCAE (ver Apêndice F) ou conforme o protocolo de tratamento específico. Fatores de risco • Tumores do SNC (glioma do tronco encefálico, ependimoma, tumores pineais e pituitários, meduloblastoma, craniofaringioma e tumores do nervo óptico). • Leucemia e linfoma do SNC. • Sarcomas de tecidos moles, neuroblastoma, retinoblastoma, rabdossarcoma craniofacial e neurofibroma. • Regimes de quimioterapia que incluem inibidores de microtúbulos, taxinas, citarabina, cisplatina, oxaliplatina, ifosfamida e nelarabina; o risco pode aumentar com doses cumulativas mais altas, e a nefrotoxicidade pode piorar o efeito da quimioterapia neurotóxica, pois o clearance da droga pode ser mais lento e acarretar exposição prolongada. • Regimes de bioterapia com interferon alfa em dosagens elevadas, que pode causar paralisia oculomotora; bevacizumabe, que pode causar neuropatia óptica e rouquidão; terapia com células T receptoras de antígeno quimérico, que pode causar cefaleia; dinutuximabe, que pode causar visão turva, distúrbio do nervo óptico, ptose, midríase (pupila dilatada) e pupilas desiguais; e blinatumomabe, que pode causar cefaleia, tremor, tontura, distúrbios de coordenação e equilíbrio deficiente (Lexicomp, 2017; Stone e DeAngelis, 2016) • Quimioterapia intratecal • Concomitância de radioterapia cranioespinhal ou focal de cabeça e pescoço. Tratamento médico O tratamento médico depende da etiologia do déficit de nervo craniano. Se o déficit do nervo estiver relacionado ao processo da doença, o tratamento é iniciado. Mas se estiver relacionado à terapia, ajustes de dosagem ou horários podem ser necessários, dependendo do risco de incapacidade prolongada ou complicações graves. Esteroides podem ser usados para controlar o inchaço e a pressão intracraniana elevada associada. Podem ser necessários encaminhamentos para fisioterapia, terapia ocupacional, oftalmologia, audiologia ou fonoaudiologia, dependendo dos nervos afetados. Possíveis complicações • Distúrbios de nutrição como resultado das alterações de paladar, olfato ou deglutição. • Paralisia das cordas vocais, asfixia e aspiração. • Neuropatia, dor e disfunção permanente. • Perda progressiva da audição.

• Diminuição da acuidade visual, diminuição dos campos visuais e abrasões da córnea. • Paralisia facial e alterações sensoriais, que podem levar a atrofia muscular, autoirritação do tecido envolvido e abrasões da córnea. Avaliações e intervenções de enfermagem Avaliações • Monitorar sintomas agudos e crônicos no paciente. • Avaliar o déficit de nervos cranianos e seus efeitos sobre as funções do paciente. • Avaliar os efeitos colaterais neurotóxicos no paciente antes de administrar qualquer agente quimioterápico que possa causar déficit de nervos cranianos. Intervenções • Proporcionar um ambiente seguro para crianças com alterações na audição, visão, percepção de profundidade, equilíbrio, marcha, sensibilidade ou que estejam incapazes de diferenciar o quente do frio. • Coordenar encaminhamentos a outros especialistas, conforme necessário (p. ex., nutricionista; fisioterapeuta, fonoaudiólogo ou terapeuta ocupacional). • Fornecer proteção e lubrificação para os olhos. Instrução ao paciente e à família • Instruir pacientes e familiares sobre os possíveis efeitos colaterais da quimioterapia e o que fazer na ocorrência de déficit. • Educar pacientes e familiares sobre como otimizar as atividades do dia a dia e na vida escolar. • Ensinar aos pacientes e familiares medidas de segurança para crianças com alterações na visão, audição, equilíbrio, marcha, sensibilidade ou que estejam incapazes de diferenciar o quente do frio. NEUROPATIA PERIFÉRICA Definição A neuropatia periférica é a perda da função nervosa motora, autônoma ou sensorial como resultado de doença, lesão, inflamação ou degeneração das fibras nervosas periféricas. Fisiopatologia Os nervos periféricos têm origem na medula espinhal ou nos nervos cranianos. O sistema nervoso periférico, que é composto por fibras nervosas motoras e sensoriais, transporta os sinais do SNC até os pontos periféricos do corpo. As fibras motoras são mielinizadas e respondem pela força e os movimentos. As fibras sensoriais não possuem bainha de mielina e são responsáveis pela transdução da dor, sensação de vibração, propriocepção e sinais de temperatura. A função autonômica, responsável pela vasoconstrição, raramente é afetada, mas pode resultar em dificuldades no controle da pressão arterial e irregularidade da frequência cardíaca, motilidade intestinal e fluxo urinário (Stubblefield et al., 2009). Em crianças com câncer, a disfunção do sistema nervoso periférico se desenvolve a partir de doença, lesão, inflamação ou degeneração das fibras nervosas periféricas. A maior parte das neuropatias periféricas induzidas por quimioterapia envolve uma distribuição simétrica das anormalidades sensoriais conhecidas como “meias e luvas” (porção distal de braços e pernas) (Stone e DeAngelis, 2016). A radioterapia e certos agentes de quimioterapia e bioterapia

212 Plano de Estudos de Quimioterapia e Bioterapia Pediátrica: Quarta Edição

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