de checkpoints imunológicos causam um aumento na resposta inflamatória do corpo, o que pode resultar em reações autoimunes. Entre os efeitos colaterais autoimunes significativos estão dermatite, colite, hepatite, nefrite e endrocrinopatias. Algumas dessas reações inflamatórias podem ser graves (Pennock e Chow, 2015; West, 2015). TERAPIAS DE TRANSFERÊNCIA DE CÉLULAS ADOTIVAS Definição Terapias de transferência de células adotivas combinam a especificidade de anticorpos do sistema imunológico adaptativo com as capacidades citotóxicas das células T ou das células NK do sistema imunológico inato. A tecnologia moderna é capaz de aumentar a citotoxicidade da célula T ou da célula NK e, na sequência, fabricar grandes quantidades das células citotóxicas modificadas. Quando um grande número dessas células citotóxicas projetadas é reinfundido no paciente, essas células são capazes de organizar um ataque muito forte contra seus alvos. Estudos clínicos pediátricos de terapia de transferência de células adotivas já demonstraram resultados muito positivos. O processo de desenvolvimento e o mecanismo de ação da terapia de transferência de células adotivas são diferentes para células T e para células NK. Uma vantagem das terapias de transferência de células adotivas é o fato de que as células projetadas persistem por meses após terem sido infundidas, fornecendo uma terapia anticâncer estendida. Tipos de terapia de transferência de células adotivas Tisagenlecleucel (terapia com células T receptoras de antígeno quimérico) A terapia de transferência de células adotivas usando células T já demonstrou respostas drásticas em pacientes com LLA. Células T especialmente projetadas, chamadas de células T com receptor de antígeno quimérico (CAR), são criadas a partir das células do próprio paciente. As células T fabricadas podem ser dadas apenas ao paciente do qual foram coletadas, tornando a transferência de células adotivas usando células T algo altamente individualizado. A terapia com células T CAR é aprovada pela FDA para o tratamento de pacientes com menos de 25 anos de idade que tenham LLA refratária de células B ou que tenham tido duas ou mais recaídas. Na terapia com tisagenlecleucel,
um tipo de terapia com células T CAR, células T são coletadas do sangue do próprio paciente e geneticamente projetadas de forma a produzir CARs, receptores especiais em sua superfície. Os CARs permitem que as células T reconheçam uma proteína específica (antígeno) em células tumorais. As células T CAR projetadas são cultivadas em um laboratório e, posteriormente, infundidas no paciente. Após entrarem no corpo do paciente, as células T se multiplicam e matam as células cancerosas que exibem o antígeno em sua superfície ( Figura 5.5 ) . Um efeito colateral significativo da terapia com tisagenlecleucel é a SLC, na qual as células T CAR infundidas causam um estímulo avassalador do sistema imunológico do paciente, liberando citocinas inflamatórias que mobilizam uma intensa resposta de células do sistema imunológico inato. A SLC pode resultar em lesão pulmonar aguda. O tratamento da SLC inclui administração de tocilizumabe, um antagonista do receptor IL-6 que desliga a resposta inflamatória (Barrett, Singh, Porter, Grupp e June, 2014; Bonifant, Jackson, Brentjens e Curran, 2016). Também pode ocorrer neurotoxicidade na terapia com células T CAR. Entre os sintomas podem estar confusão, delírio, ataques epilépticos e encefalopatia. Terapia com células T exterminadoras naturais A terapia com células adotivas usando células NK tem sido usada após o transplante de células-tronco hematopoiéticas para leucemia mieloide aguda (LMA). Células NK de um doador não compatível podem ser manipuladas no laboratório para aumentar seus números e sua citotoxicidade. Elas podem ser infundidas em um paciente com risco de recaída. Como as células NK desempenham uma importante função no estímulo da resposta enxerto versus leucemia, a infusão de células NK em um paciente sem células NK iniciará uma resposta imunológica na qual as células NK “visitantes” provocam o ataque a todas as células leucêmicas residuais (Suck, Linn e Tonn, 2016).
VACINAS Definição
Vacinas para o câncer são outra forma de terapia biológica que está sendo estudada atualmente. Vacinas são bem-estabelecidas como um método de fornecer proteção profilática à população geral contra diversas doenças infecciosas. As vacinas usadas na oncologia podem ser divididas em duas categorias: vacinas profiláticas, que são capazes de evitar o câncer em pessoas saudáveis, e vacinas terapêuticas, que estimulam o sistema imunológico a atacar células tumorais em pacientes nos quais o câncer já existe. Tipos de terapia com vacina para o câncer Vacinas terapêuticas para o câncer Vacinas terapêuticas são projetadas para inibir o crescimento tumoral em pacientes que já tenham câncer. A vacina contém um antígeno que está associado a um tumor ou vírus específico. O antígeno é combinado com uma célula tumoral modificada, uma célula dendrítica ou um vírus inativado que serve de vetor para o antígeno. Algumas vacinas têm também um componente adicional chamado adjuvante, que aumenta o estímulo imunológico e torna mais potente a resposta à vacina. Quando uma pessoa recebe a vacina, células T são ativadas em resposta ao antígeno e estimulam a produção de anticorpos que atacarão especificamente as células que exibirem esse antígeno. Essa resposta imunológica se desenvolve ao longo do tempo; portanto, embora possa não ser visto nenhum efeito imediato, o sistema imunológico estabelece uma memória imunológica dos antígenos tumorais, que pode continuar a desencadear uma resposta muito tempo após a administração da vacina (Shore, 2015).
Figura 5.5. O processo de criação de células T receptoras de antígeno quimérico (CAR)
Extraído de www.utsouthwestern.edu/newsroom/articles/year- 2018/simmons-car-t.html. Reproduzido com permissão.
98 Plano de Estudos de Quimioterapia e Bioterapia Pediátrica: Quarta Edição
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