PLANO DE ESTUDOS DE Quimioterapia e Bioterapia PEDIÁTRICA

muito diferentes ( Tabela 5.1 ). A quimioterapia funciona interferindo no ciclo celular de todas as células de divisão acelerada, tanto normais quanto malignas. A quimioterapia funciona em todo o corpo e é capaz de destruir não apenas o tumor em seu local original, mas também as metástases. Ela pode ser administrada como agente único ou como diversos agentes usados em conjunto. Os agentes quimioterapêuticos podem ser administrados por muitas vias diferentes. Como agentes quimioterapêuticos não são específicos a células cancerosas, a dosagem desses medicamentos costuma ser limitada pelos efeitos tóxicos que eles têm sobre os tecidos normais do corpo. Agentes quimioterapêuticos funcionam ampliando os aspectos da resposta imunológica normal do corpo ou almejando partes específicas de células cancerosas ou uma via celular envolvida no crescimento do câncer. A quimioterapia ataca todas as células de crescimento acelerado; por isso, células normais também podem ser afetadas, resultando em efeitos colaterais como mielossupressão, náusea e vômitos, além de perda de cabelo. Agentes imunoterapêuticos estimulam ou modulam a resposta imunológica, causando sintomas de resposta imunológica, como febre, calafrios e artralgias (Dougan e Dranoff, 2009). Como a bioterapia funciona de maneira diferente da quimioterapia, as respostas clínicas ao tratamento bioterapêutico podem ser diferentes das respostas clínicas a agentes quimioterapêuticos. Por exemplo, a eficácia da quimioterapia é avaliada de acordo com a existência de uma alteração mensurável no tamanho do tumor após um intervalo de tempo específico. Um tumor que esteja respondendo a um agente bioterapêutico pode inicialmente parecer aumentar em tamanho devido a reações imunológicas (ou seja, inflamação), seguido de melhoria ao longo de um período de tempo prolongado. Respostas a bioterapia também podem ser demonstradas por uma redução na vascularidade do tumor, cavitações, alterações

(IL-10), que atua como agente anti-inflamatório, suprimindo a liberação de citocinas inflamatórias, de forma que a célula tumoral evita a estimulação de uma resposta imunológica. Com o tempo, essas células tumorais sobreviventes são capazes de aumentar em número porque não têm o antígeno superficial que ativaria o sistema imunológico. Esse processo de aquisição da capacidade de se esquivar do sistema imunológico é chamado de imunoedição (Darwin talvez o chamasse de evolução). 3. Fuga: com o tempo, as células tumorais com imunogenicidade reduzida passam a ser capazes de crescer sem restrição. Elas criam um ambiente imunossupressor, e o tumor se torna clinicamente evidente. Essa fuga do controle imunológico é uma das características específicas do câncer (Schreiber, Olde e Smyth, 2011; Vesely e Schreiber, 2013). As estratégias de imunoedição e fuga do tumor precisam ser totalmente compreendidas para a criação de um plano de tratamento eficaz usando imunoterapia. É crucial identificar o mecanismo que ajuda a célula tumoral a evitar a morte celular causada pelo sistema imunológico. Por exemplo, se uma célula tumoral não apresenta um antígeno-alvo em sua superfície devido a transportadores defeituosos associados ao processamento de antígenos (TAPs), ela não responderá a linfócitos T citotóxicos específicos ao tumor, por mais células T que sejam infundidas. Se a célula tumoral secretar fatores inibidores, as células T ativadas por vacina podem não responder e deixar de se expandir, ou podem ser desviadas, em vez de direcionadas ao tumor que elas devem almejar, atacar e destruir (Fry, Sondel e Mackall, 2016). Bioterapia versus quimioterapia Embora quimioterapia e bioterapia sejam modalidades eficazes para o tratamento do câncer, elas têm mecanismos de ação

Tabela 5.1. Comparação entre quimioterapia e bioterapia Agentes quimioterapêuticos

Agentes bioterapêuticos A maioria é classificada por seu alvo

Classificação

São classificados por mecanismo de ação

Mecanismo de ação

Não são específicos apenas a células cancerosas Interferem no ciclo celular de todas as células de divisão rápida; por isso, podem afetar tantos células saudáveis quanto malignas São citocidas (destroem o tumor matando diretamente as células tumorais) Causam efeitos colaterais relacionados à supressão e destruição de células normais de crescimento rápido (p. ex., perda de cabelo, vômitos, supressão da medula óssea)

Têm alvos específicos, e alguns tipos são específicos ao paciente Têm como alvo uma parte específica de uma célula cancerosa ou um processo celular específico relacionado a uma célula cancerosa São citostáticos (realizam a destruição do tumor evitando o crescimento ou a proliferação) Causam efeitos colaterais relacionados ao estímulo do sistema imunológico (febre, resposta inflamatória, liberação de citocinas, síndrome gripal, erupções cutâneas) Obtêm resposta mais lenta (às vezes, os tumores parecem ficar maiores antes de encolherem)

Efeitos colaterais

Tempo até a resposta

Com frequência, faz com que tumores encolham rapidamente

Medição da resposta

Reduzem o tamanho do tumor

Reduzem o metabolismo do tumor

Duração do efeito terapêutico

Funcionam enquanto os agentes quimioterapêuticos estão ativos no corpo (transitória) Estão disponíveis como medicamento de referência (de marca) ou como medicamento genérico (medicamentos genéricos são quimicamente idênticos ao medicamento de referência)

Estimulam o sistema imunológico a fornecer efeito sustentado (prolongada)

Produtos farmacêuticos Estão disponíveis como medicamento de referência ou como medicamento biossimilar (medicamentos biossimilares são clinicamente comparáveis ao medicamento de referência em sua segurança, pureza e potência, mas não são idênticos) Compilado de Cancer Research Institute (www.cancerresearch.org); Dougan and Dranoff, 2009; National Cancer Institute, 2018; Stevenson, Popovian, Jacobs, Hurst e Shane, 2017; Tirkes et al., 2013.

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Capítulo 5. Bioterapia: Princípios e Agentes

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