Capítulo 5.
Bioterapia: Princípios e Agentes
Jill A. Anderson, MSN RN PCNS Ruth Anne Herring, MSN RN CPNP-AC/PC CPHON ®
Maritza Salazar-Abshire, MEd MSN RN CPON ®
Entre as modalidades tradicionais para o tratamento do câncer estão cirurgia, quimioterapia, radioterapia e transplante de células-tronco hematopoiéticas. Em anos recentes, um diversificado grupo de novos agentes biológicos surgiu para oferecer terapias eficazes para o tratamento de cânceres pediátricos. O crescente ramo da terapia biológica, ou bioterapia, baseia-se em avanços científicos na compreensão de como o sistema imunológico funciona, como as células se comunicam umas com as outras e como as células cancerosas interagem com seu ambiente. Além disso, com a avançada tecnologia atual, é possível identificar o sequenciamento genômico de células malignas e clonar células específicas ou criar novos agentes que usem os sistemas de defesa e vigilância do próprio corpo para combater o câncer. O termo bioterapia engloba uma categoria de medicamentos muito ampla, que pode ser separada em duas divisões principais baseadas nos mecanismos de ação: imunoterapia e terapia direcionada. Agentes de imunoterapia ampliam, modulam ou restauram o sistema imunológico do hospedeiro para controlar as células cancerosas. Entre os agentes imunoterapêuticos estão as citocinas, alguns anticorpos monoclonais, vacinas e terapia genética. As terapias direcionadas atuam diretamente sobre uma função ou processo específico do qual a célula cancerosa depende para seu crescimento, divisão ou alastramento. Entre as terapias direcionadas estão inibidores de moléculas pequenas, alguns anticorpos monoclonais e agentes diferenciadores. É importante ressaltar que os anticorpos monoclonais que se ligam a receptores imunológicos de células para modular as respostas imunes são classificados como imunoterapia. Os anticorpos monoclonais que são classificados como terapias direcionadas exercem um efeito antitumoral direto ligando-se a receptores que fazem parte das vias de transdução de sinal. Desde 2000, uma ampla gama de novas terapias com base biológica foi introduzia no arsenal de medicamentos usados para tratar o câncer pediátrico. Como essas novas terapias têm mecanismos de ação diferentes dos da quimioterapia tradicional, elas exibem um espectro de efeitos colaterais diferente. É importante que o enfermeiro que administra agentes bioterapêuticos entenda como esses medicamentos funcionam e os possíveis efeitos colaterais que podem causar. Este capítulo concentra-se nos agentes bioterapêuticos e na sua relação com a oncologia pediátrica. Embora muitos
agentes bioterapêuticos estejam inclusos aqui, este capítulo é, em essência, um trabalho em andamento, pois o campo da bioterapia continua se expandindo a uma velocidade impressionante. Interação entre o sistema imunológico e as células cancerosas Para entender a bioterapia, o enfermeiro precisa ter uma compreensão básica do sistema imunológico. A subseção “Resposta imunológica” do Capítulo 2, “Visão Geral do Câncer”, fornece uma sinopse dos componentes dos sistemas imunológicos inato (ou natural) e humoral. Esses componentes interagem uns com os outros e com outras células do organismo hospedeiro para fornecer proteção contra células anormais, sejam elas infecciosas ou malignas. Quando o agente invasor é o câncer, as interrelações se tornam mais complexas, pois as células cancerosas já aprenderam a imitar o sistema imunológico e se adaptar a ele. O sistema imunológico faz importantes contribuições para o controle de tumores: • Ele protege o hospedeiro contra infecções virais, resultando na supressão de tumores associados a vírus. • Ele elimina patógenos, resultando em uma redução do processo inflamatório necessário à tumorigênese. • Ele elimina alguns tipos de células tumorais se elas forem detectadas pelo sistema de imunovigilância, no qual células dos sistemas imunológicos tanto inato quanto humoral identificam e destroem células estranhas (Schreiber, Old e Smyth, 2011). Embora o sistema imunológico tenha recursos para combater células malignas, essas respostas costumam não ser suficientes para controlar o câncer, pois as células tumorais têm a capacidade de imitar determinados processos do sistema imunológico: elas evitam a destruição enganando o sistema imunológico para que ele as aceite como normais. Células cancerosas sobrevivem porque usam os mecanismos imunológicos protetores normais para se disfarçar. Entre os mecanismos imunológicos que podem ser alterados por células malignas estão:
• Inibição da apresentação de antígeno tumoral. • Desregulação da atividade celular imunológica.
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